InviNEWS | Espermograma

16 Fev

Introdução

A realização do espermograma tem como aplicações, principalmente, a avaliação das glândulas seminais, da fertilidade e monitoramento pós-vasectomia. Avalia as características e competência funcional dos espermatozoides.

Em caso de alteração espermática, a rotina é pedir pelo menos dois testes em um intervalo de três meses, pois é o tempo necessário para uma nova produção de espermatozoides. Em alguns casos, um fator ambiental ou medicamentoso pode alterar momentaneamente a qualidade do sêmen.

O espermograma convencional inclui o estudo de aspectos particulares da função espermática como a concentração, motilidade e morfologia, assim como, na quantificação e identificação de células não espermáticas. Um diagnóstico de infertilidade não deve ser considerado somente pelo resultado do espermograma, e sim pela avaliação médica com a melhor conduta diagnóstica a ser tomada.

Líquido Seminal

O plasma seminal é composto pela secreção das glândulas uretrais (cerca de 1% do volume seminal), secreção prostática (13 a 23% do volume seminal), sendo os componentes destas responsáveis pela liquefação do sêmen e pela secreção das vesículas seminais (46 a 80% do volume seminal) que é responsável pela coagulação do sêmen. Também compõe o plasma seminal os hormônios FSH, LH, Testosterona, DHT e Prolactina.

Dentre os fatores que determinam a infertilidade masculina, as deficiências espermatogênicas são responsáveis por 30% dos casos. Dentre os exames de rotina na pesquisa de casos de infertilidade, o espermograma é o exame utilizado como primeiro passo e constitui as bases das decisões relativas à abordagem adequada.

Espermatozoide – Ciclo de Formação

O espermatozoide é a única célula do organismo que é produzida em um corpo e deve cumprir sua função externamente. Para poder realizar tal função esta célula, deverá apresentar alguns parâmetros de qualidade que determinarão ou não sua eficiência.

O ciclo de formação dos espermatozoides (Figura 1) acontece nos testículos, especificamente nos túbulos seminíferos, por meio de um processo denominado de espermatogênese. Inicialmente as células germinativas masculinas formam as espermatogônias, que se dividem formando os espermatócitos primários, que por sua vez ao sofrerem mais um processo de divisão celular (meiose) formam os espermatócitos secundários. Após um novo processo de meiose, são então formadas as espermátides, que posteriormente sofrem um processo de diferenciação celular (espermiogênese), culminando por fim na formação do espermatozoide.

Durante esse processo, é formado o acrossoma (estrutura rica em enzimas formada a partir do complexo golgiense), o núcleo celular é condensado, a cauda é constituída e o citoplasma da célula é reduzido, dando origem a um espermatozoide com características típicas.

Figura 1 – Ciclo de Formação dos Espermatozoides

 

Análise Macroscópica

As características físico-químicas do esperma são analisadas de acordo com uma avaliação de cada item abaixo:

1)         Volume

Em condições normais varia entre 1,5 a 5 ml. O volume pode oscilar em um mesmo individuo, sendo que ejaculações repetidas diminuem a quantidade de esperma e abstinência prolongada aumenta.

2)         Cor

Normalmente a coloração do sêmen é cinza claro ou opalescente. Aspectos diferenciados de coloração podem estar relacionados a presença de piócitos (cor amarelada), hemácias (cor avermelhada) ou ausência de espermatozoides (cor translúcida).

3)         Odor

Quando ejaculado, o esperma apresenta odor “sui generis” que pode ser comparado ao da água sanitária, isto se deve a substâncias produzidas na próstata.

4)         Reação (pH)

Deve ser medido em até 01 hora após ejaculação e a amostra tem que ficar em recipiente fechado, para que não tenha interferência do ambiente. O pH ideal é entre 7,2 e 8,0.

5)         Coagulação

Após ejaculação o esperma apresenta um aspecto heterogêneo formando coágulos, provavelmente este processo enzimático não muito bem definido serve para proteção dos espermatozoides do contato com o conteúdo vaginal hostil.

6)         Liquefação

Após a formação do coagulo o sêmen em contato com a temperatura ambiente começa a se liquefazer, momento em que uma mistura heterogênea de grumos será visualizada. Como a liquefação é contínua, o sêmen se torna mais homogêneo e nos estágios finais apenas pequenas áreas de coagulação permanecem. A amostra completa, geralmente liquefaz dentro de 5 a 30 minutos, podendo chegar até 60 minutos, o que é considerado normal.

7)         Viscosidade

Após a liquefação, verifica-se a viscosidade aspirando o sêmen em pipeta de vidro ou introduzindo um bastão de vidro na amostra permitindo que ele caia por gravidade, observando assim o comprimento do segmento de sêmen. Uma amostra normal vai gotejar discretamente, em sua anormalidade formará um segmento de mais de 2 cm de comprimento.

Análise Microscópica

Esta análise tem que ser feita a fresco e serão avaliados a concentração, motilidade, vitalidade e morfologia espermática.

1)         Concentração

Realizado através da contagem de número de espermatozoides em câmara de Neubauer ou Makler, onde são obtidos através de diluições com uma estimativa de número de espermatozoides na amostra. Existem casos que não são necessárias diluições pelo baixo número de espermatozoides ou ausência do mesmo.

2)         Motilidade

Verifica-se o grau de movimentação do espermatozoide, para uma análise adequada é necessária uma homogeneização correta do material e a temperatura antes de preparar em lâmina tem que estar á 37°C. A avaliação microscópica deve ocorrer dentro de no máximo 60 minutos após a coleta.

A classificação da motilidade se divide em três:

– Progressivos: espermatozoide corta o campo microscópico ao mudar de direção de forma rápida ou lenta.

– Não Progressivos: espermatozoide com direção indefinida, errático, in situ.

– Imóveis: espermatozoide não move nenhuma parte do seu corpo, fica totalmente sem movimento.

3)         Vitalidade espermática

Realizado uma verificação daqueles espermatozoides considerados imóveis, analisando se estão realmente mortos ou se vivos, porém sem capacidade de movimentação.

4)         Morfologia

A morfologia espermática constitui-se um parâmetro de extrema importância para avaliação da qualidade e viabilidade do espermatozoide. Neste caso, é realizado um esfregaço corado preferencialmente pelo Papanicolau, podendo também usar Giemsa ou Wright. A coloração permite avaliar a morfologia de cabeça, peça intermediária e cauda do espermatozoide (Figura 2).

A definição de um padrão que possa ser aceito como “normal” se baseia na visualização das formas dos espermatozoides, onde a cabeça deve ser oval havendo uma região acrossômica bem definida compreendendo de 40 a 70% de sua área e não pode ser visto defeito anatômico na peça intermediária ou na cauda do espermatozoide.

Alguns pacientes podem apresentar concentração e motilidade normais de espermatozoides, mas apresentarem morfologia abaixo do normal.  Existe um teste complementar chamado de Morfologia Estrita de Kruger, onde o critério de classificação da morfologia dos espermatozoides é mais criterioso.

5)         Teste de Hipoosmolaridade

Análise complementar que oferece informação adicional sobre a integridade e a funcionalidade da membrana celular da cauda do espermatozoide.

Figura 2 – Ilustração de um espermatozoide normal

 

Provas Bioquímicas

As dosagens bioquímicas podem fornecer informações importantes na investigação das causas de infertilidade. Existem marcadores para cada glândula que compõe o aparelho genital masculino, que são a próstata, vesículas seminais e epidídimos. Entre as dosagens bioquímicas mais comuns, destacam-se o Ácido Cítrico e a Frutose.

Ácido Cítrico: produzido pela próstata e tem sua produção dependente da atividade hormonal, está ligado ao processo de coagulação e liquefação do esperma. Níveis baixos de ácido cítrico correlacionam-se com a liquefação parcial ou ausência de líquido espermático. Os níveis estão reduzidos em casos de prostatites, por exemplo.

Frutose: principal dosagem bioquímica no esperma. Produzida nas vesículas seminais, é um importante elemento do metabolismo e motilidade dos espermatozoides. Sua dosagem é solicitada para avaliar casos de ausência de espermatozoides. Níveis baixos de frutose podem estar associados a processos inflamatórios, infecciosos ou deficiência na atividade secretora das vesículas seminais.

Vasectomia

Na vasectomia é feita a ligadura e secção do ducto deferente, onde a produção de espermatozoides continua normal, porém seu trajeto até o ambiente externo é “bloqueado”. A verificação eficaz do procedimento é feita através do espermograma, onde não se visualiza mais espermatozoides no esperma colhido após a vasectomia.

Espermoteste

A In Vitro disponibiliza o kit de Espermoteste, produto que apresenta um conjunto de reagentes para a complementação do exame de espermograma. Nele você encontra as seguintes informações:

– Coleta e preparo da amostra

– Reagentes necessários para execução de testes

– Materiais necessários e não fornecidos

– Como proceder o exame Macroscópico

– Como proceder o exame Microscópico

– Análises complementares

– Determinação do Ácido Cítrico e Frutose

O Espermoteste conduz ao laboratório uma possibilidade de agregar mais informações a respeito do exame de espermograma, e com isso, pode aumentar o portfólio de exames e consequentemente trazer um maior número de clientes para o laboratório. Além disso, têm-se a oportunidade de aproximação com clínicas de fertilização e médicos especialistas.

Disposição Final

Espermograma é o exame inicial, o mais importante e o principal parâmetro para avaliar a fertilidade masculina, embora não seja o único, nem definitivo.

Inclui o estudo de aspectos particulares da função espermática como a concentração, motilidade e morfologia, assim como, na quantificação e identificação de células não espermáticas. Um diagnóstico de infertilidade não deve ser considerado somente pelo resultado de espermograma, e sim o médico deve avaliar e seguir com a melhor conduta diagnóstica.

 

Fontes:

1.WHO: Manual of basic for a health laboratory.
2.Cançado, J.Romeu; Greco, J. B; Galizze, João; et al.: Métodos de Laboratório Aplicados à Clínica, Sexta Edição, 1985.; Ed Guanabara.
3.Piva, S. “ Espermograma”, Livraria Editora Santos, São Paulo, 1988.
4.Janini J.B.M., Pereira O. S. Atlas de Morfologia Espermática. Editora Atheneu, Rio de Janeiro, 2001.
5.Pereira O. S. Espermograma: Manual de Bancada e Atlas, Varginha, 2017.

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